URBANIZAÇÃO E REGIME ALIMENTAR BRASILEIRO!
setembro 21, 2011
Na segunda metade do século XX, acelerou-se o processo 
de urbanização e o Brasil passou a ter várias cidades com mais de 1 
milhão de habitantes, ao mesmo tempo que o crescimento das comunicações 
levou a costumes e hábitos alimentares diferentes que se difundiram pelo
 território nacional, com tendência a homogeneização.
Na década de 1940 fazia-se uma distinção entre os frutos
 importados, maçã, pera e uva, e os frutos da terra, como a banana, a 
manga, o abacaxi e a laranja, considerando-se os primeiros típicos das 
mesas ricas e os últimos das mesas pobres; mas ocorreram grandes 
modificações e a uva, hoje, tornou-se um dos produtos básicos de cultivo
 das áreas irrigadas do submédio São Francisco. Alimentos europeus e 
americanos se difundiram de tal forma que hoje, no Brasil, consome-se 
mais Coca-Cola do que guaraná. As lanchonetes que se espalham por 
cidades grandes e médias difundem alimentos que não eram conhecidos na 
década de 1940, como os sanduíches fast food e as massas 
italianas.
Apesar da influência dos importados, 
sejam frutos, massas ou conservas, a grande maioria da população mais 
pobre do país continua carente de nutrientes e vítima não só da fome 
aguda – falta absoluta de alimentos – como da fome crônica, em grande 
parte provocada por uma alimentação inadequada, devida em parte à 
propaganda comercial em favor de alimentos oriundos de outros países e 
regiões.
Josué de Castro já chamava a atenção 
para tudo isso que ocorre hoje no seu livroGeopolítica da Fome, 
em vista do processo de colonização que gerou o subdesenvolvimento. Já 
em meados do século XX, ele afirmava que o subdesenvolvimento não era 
consequência de uma diferença na rapidez do desenvolvimento entre o país
 desenvolvido e o subdesenvolvido, mas de uma distorção realizada no 
país, hoje subdesenvolvido, pelo sistema colonial. O país que submetia 
um outro ao seu domínio procurava dirigir-lhe a economia tendo em vista 
atender aos interesses do país dominante, impedindo que o dominado se 
voltasse para o atendimento das necessidades de sua população. Dava-se, 
assim, um freio ao desenvolvimento do país dominado e este ia, aos 
poucos, ou às vezes rapidamente, entrando em decadência. Para o mestre 
pernambucano, o subdesenvolvimento era um produto, o resultado do 
desenvolvimento. Essas ideias desagradaram às classes dominantes tanto 
dos países desenvolvidos como dos subdesenvolvidos, porque também se 
beneficiavam das distorções realizadas.
AS 
IDEIAS BÁSICAS
Diante dessas reflexões 
podemos chamar a atenção para o fato de que entre suas ideias básicas 
avultavam:
a) a necessidade da realização de uma
 reforma agrária;
b) a necessidade de desenvolvimento de uma educação 
que não se limitasse apenas à alfabetização, mas que se fizesse 
acompanhar de um processo educacional que atingisse problemas básicos, 
como o alimentar;
c) a necessidade de se 
reduzirem os desníveis de desenvolvimento regional tanto no território 
brasileiro como entre os países, em escala internacional, a fim de que 
se eliminasse o subdesenvolvimento.
  Por essas 
ideias gerais e por posições que as complementavam, lutou o cientista – 
médico e geógrafo –, o professor, o cidadão e o político; a fidelidade a
 esse ideal o fez enfrentar grandes campanhas movidas pelos grupos 
conservadores e reacionários que culminaram com o exílio a que foi 
condenado pelo governo de 64.

 
								 
 
 
 
 
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