Minha Sede
Por excelência o ser humano vive de necessidades. Deste os primórdios a comunicação se fez a primeira e assim emerge a criação de uma sociedade pelo longo trecho da história. Com a formação da sociedade e em percurso de crescimento e desenvolvimento surgiram várias outras.
Agora mesmo acho-me obrigado a "beber" o café da manhã. Quem nos ensinou que temos que "beber" café da manhã? E por que tem que ser cedo da manhã? A noite é longa e dormindo para perder o tempo da vida seja ela em liquidez ou bem solidificada o estômago não segura em pé.
Outra necessidade é a de se alimentar. Desde quando ingerir líquido (essa droga de café) passou a ser a primeira alimentação do homem durante o dia-a-dia?
Antes que vocês pensem que estou escrevendo sobre o CAFÉ tenho que tratar sobre o que comer no almoço. Filho de cearense deveria sim gostar de café, mas não. Prefiro sentir sede de outra coisa.
Estamos começando a estação quente chuvosa. Aquele tempinho frio não nos dar sede, apesar de que temos que beber sempre mesmo sem vontade. E para quê? Para vivermos em harmonia com nossas células, com nossos órgãos vitais, para vivermos bem.
Então pergunto: sentimos sede apenas de café, água, suco, leite, vinho, cachaça e mais cachaça?
A minha sede vai mais longe, é mais prolongada e até mais doída.
Pela manhã tenho sede de ver café e pão na mesa dos mais humildes, daqueles que não tem trabalho em nossa cidade. Tenho sede de suco e bolacha na merenda das 9:00 hs.
Meio dia tenho sede de pelo menos o feijão de cada dia misturado não só com a farinha e o sal, mas com o tempero completo. E de sobremesa um copo de água bem tratada para desentalar as injustiças sociais que assolam nossa gente.
Para a janta minha sede é ver e sentir no prato das articulações políticas e governamentais de minha cidade a diminuição das disparidades urbanas, econômicas. É encher o bucho de trabalho, renda, escolas, merenda escolar digna, ruas limpas e iluminadas, programas sociais que tirem nossos adolescentes das drogas. É se lambuzar de esporte (quadras, estádios, campeonatos escolares e toda uma estrutura de apoio aos nossos inúmeros atletas), de cultura (biblioteca, cinema, teatro, palcos, ficção apoiada na realidade), de igualdade no tratamento aos mais carentes famintos de um simples comer.
Minha sede transpõe a água, o café, ou seja, o líquido. Minha alimentação não é apenas em minha mesa. É na mesa do vizinho, do irmão que não tem o pão. Minha sede é de menos desigualdades, menos mazelas ao povo que sustenta o banquete da oligarquia esperantinense.
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